Queima das Fitas
A cerimónia da Queima das Fitas começou a aparecer a partir dos anos 50 do Séc. XIX e consistia em queimar as fitas de algodão que eram usadas para atar as pastas onde guardavam as sebentas. As fitas tinham as cores da Faculdade e eram queimadas para simbolizar a libertação da Sebenta, que tanto atormentava os Estudantes. A queima acontecia no Largo da Sé Nova onde um Caloiro fazia um buraco no chão e os Quartanistas atiravam para lá as fitas e enterravam as cinzas. Em dois anos distintos, houve cursos que optaram por atar as fitas a arder a um balão e lançá-lo ao ar.
O Cortejo era precisamente um cortejo composto por carros puxados a animais e enfeitados com motes satíricos. O propósito era aproveitar o estatuto de recém-formado para criticar e satirizar tanto os Professores, como as aulas.
Após o Cortejo dos Quartanistas ocorria a Latada de Emancipação dos Caloiros. Nestas, os Caloiros eram equipados com os mais variados utensílios de cozinha, latas, trompetas, buzinas, penicos e gaitas e tinham por objectivo criar algazarra e chatear os restantes colegas que ainda tinham exames. Caso cumprissem a Latada, os Caloiros eram emancipados e subiam de grau na Praxe. Estas Latadas eram altamente disruptivas para a cidade e fonte de grandes conflictos, tal como na Latada de 1903, que veio dar origem à Revolta do Grelo, em que os Estudantes se aliaram às hortaliceiras do Mercado D. Pedro V contra um imposto de selo.
A 27 de Maio de 1913, após uma outra querela entre os Estudantes e as forças de segurança, um Estudante rouba o boné a um Tenente da GNR. O roubo do boné deu origem um cortejo em que os Estudantes exibiram o boné à cidade para troça do Tenente e conseguiram o seu afastamento do cargo. Doravante, o dia 27 de Maio foi sempre marcado como o dia em que ocorria o Cortejo da Queima das Fitas.
Após um breve declínio devido à Grande Guerra, em 1919 os Estudantes elegem uma Comissão de Quartanistas para organizar as festas Académicas desse ano. Decidiu-se dar mais foco à celebração dos Quartanistas e abandonar as habituais Latadas que eram prejudiciais à cidade e criavam conflictos. Oficializava-se assim, a “Queima das Fitas”. Em 1920 nasce o primeiro programa oficial da Queima das Fitas onde, os vários saraus culturais e desportivos que aconteciam ao longo do ano, foram concentradas à volta do dia 27 de Maio, data do Cortejo. Em 1929 acrescentou-se a Garraiada ao programa oficial, em 1930 a missa de Benção das Pastas, a Venda das Pastinhas Doutro Elysio de Moura em 1932, Baile de Gala das Faculdades em 1933, Cerimónia de Imposição de Insígnias dos Quartanistas em 1946 e só em 1949 é que foi adicionado ao programa da Queima das Fitas a Serenata Monumental.
A 22 de Abril de 1969 devido ao início da Crise Académica, o Conselho de Veteranos decreta o Luto Académico e deliberou o cancelamento da Queima das Fitas. Tentativas de organizar a Queima das Fitas só voltariam a acontecer após o 25 de Abril.
Em 1978 é organizado um Baile de Gala secreto no Colégio de São Teotónio que foi interrompido por uma chuva de ovos. Na mesma semana um grupo de Antigos Estudantes organiza um Cortejo de um carro só e que durou até à passagem do “Tropical”, onde os participantes foram violentamente agredidos por anti-Praxistas. No ano seguinte, em 1979, o Movimento Pró-Reorganização e Restauração da Praxe Académica de Coimbra consegue organizar uma Semana Académica com todos os eventos que caracterizavam a Queima das Fitas e que teve um apreciável sucesso. Em 1980 o evento é renomeado para Queima das Fitas.
Actualmente o programa da Queima das Fitas engloba, para além de várias actividades Culturais e Desportivas as seguintes actividades de índole Tradicional:
- Récita das Faculdades;
- Cortejo dos Pequenitos;
- Venda das Pastinhas Dr. Elysio de Moura;
- Serenata Monumental da Queima das Fitas;
- Ceia dos Boémios;
- Baile de Gala das Faculdades;
- Cerimónia da Queima do Grelo;
- Cortejo dos Grelados;
- Sarau Académico;
- Invasão às Escolas Secundárias;
- Chá das Cinco;
- Chá Dançante;
Textos: A. Matias Correia
Fotos, tiras de jornal e documentos: Arquivo do Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra